domingo, dezembro 21, 2014

Por Thaísa Maia 

Projeto evangélico visa ajudar população nordestina castigada pela seca

“Tudo começou quando fui pastor no sertão. Isso gerou uma empatia, gerou o desejo de apoiar aos líderes menos favorecidos, porque eu não era apoiado.” O pastor Antonio Firmino Júnior, com sua equipe de seis pessoas, é idealizador do programa Sertão Presentejá em sua sétima edição. Seu principal objetivo é apoiar líderes evangélicos da região menos favorecidos e suas famílias, além de apoiar palestras e técnicas que auxiliem as igrejas a darem continuidade ao trabalho nas cidades.


O Rio das Cobras, que passava debaixo dessa ponte, já não existe
mais, como todos ao redor da região do Jardim. 
(Foto: Thaísa Maia)
| Projeto

Após feita a análise inicial, a ação começa. Alimentos, roupas, livros e DVDs são doados, além das conferências oferecidas. Os voluntários do evento pagam uma taxa mínima para poder custear o ônibus que os leva até o local.

A última edição do evento, que ocorre em um final de semana, aconteceu em novembro deste ano no município de Jardim do Seridó, interior do Rio Grande do Norte, à cerca de 3h de viagem da capital. No caminho, placas informam sobre vários rios da região – todos secos. A escassez continuará até o fim de dezembro.

Os voluntários ficaram hospedados em uma escola municipal, onde as salas transformam-se em quartos. Devido à falta de água, eles tomam banho apenas uma vez por dia, com direito à escolha de turno, manhã ou noite. No colégio, poucas salas têm ar-condicionado, e as que possuem conectam-se a um galão de 5 litros por meio de uma borracha. A água retida é reutilizada para cozinhar.




O sucesso do bazar se deve, principalmente, ao pequeno
valor cobrado pelos objetos. 
(Foto: Thaísa Maia)
| Rotina

Às 6h do primeiro dia, os voluntários estão em um bazar de roupas próximo à feira do município, onde vendem peças e calçados pelo valor simbólico de R$1. O horário cedo justifica-se pelo clima mais ameno, quando o sol ainda não está tão quente. Basta o relógio marcar 11h da manhã e as ruas ficam desertas devido ao calor. Enquanto alguns estão no bazar, outros oferecem orações pelas ruas, analisando a necessidade das casas por onde passam e convidando a todos para um culto ao ar livre à noite. 

A manhã na escola-alojamento dispõe ainda de palestras para todas as idades, com um um momento de recreação para as crianças após ao almoço. Ao mesmo tempo começa o “Dia de Princesa” para as esposas dos lideres, que ganham tratamento capilar, nas sobrancelhas, manicure e maquiagem, além de um kit com diversos cosméticos. O encontro noturno conta com momentos de louvor e comunhão sob a luz da lua. Os quatro pastores envolvidos no programa levaram cestas básicas para distribuir na área segundo com a necessidade de cada família no último dia do projeto.



| Retorno

Ao final da entrevista com o pastor Antonio, pergunto qual é a recompensa de tudo o que ele e seu grupo fazem nessas cidades.  A resposta vem com os olhos cheios de lágrima:

“O retorno é incrível, não é uma coisa simplória para se mensurar com palavras ou números. É emocionante, tenho recebido muito de Deus antes, durante e depois. Gerar esse espírito de unidade, essa quebrada que a gente dá nas aversões denominacionais, isso é impagável, não tem preço. Você nota que quem trabalha e recebe começa a se sentir desconfortável em não entender a diferença, porque nós somos diferentes. Eu não preciso ser igual, posso pensar diferente de você e não estar errado e nós estamos ensinando essa convivência.”

A próxima edição do Sertão Presente será em março de 2015, prevista para ocorrer em Acari, cidade próxima ao Seridó.



Do coração ao sertão

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quinta-feira, dezembro 11, 2014

Por Caíque Pereira 

Clube do Livro de Campo Grande amplia opções de lazer para leitores da Zona Oeste e Baixada

Lugar de conversas jogadas fora, fast food boca adentro e um burburinho inconfundível de vozes indistintas, as praças de alimentação dos shoppings são cada vez mais o Sol das galáxias comerciais. Ninguém imaginaria que em uma delas nasceria um projeto em que as palavras fazem parte do prato principal.

O Clube do Livro Campo Grande, hoje sediado na Livraria Edital do mesmo bairro no primeiro sábado de cada mês, começou assim. Após uma sessão de cinema em março de 2012, contou com a presença de apenas quatro amigos e muito bom humor. Agora, o encontro mensal tem média de 40 frequentadores, um público-mínimo dez vezes maior que o inicial. Mas a quantidade de participantes não é a única mudança de lá para cá.

| Primeiros capítulos

“Olhando em retrospecto, não tínhamos a menor ideia do que estávamos fazendo. Era mais uma reunião de amigos do que outra coisa”, admitiu Henri Neto, vloggeiro literário que faz parte do Clube desde sua inauguração. “Era no meio da praça de alimentação, não tínhamos foco nenhum e ficamos só conversando.”

Depois de mais uma reunião entre as mesas sucateadas do West Shopping, a maré mudou de verdade na terceira edição do evento. Evellyn Fonseca, blogueira e uma das criadoras do Clube, fez contato com o dono de uma livraria local, que comprou a ideia de abrigar os leitores. O problema é que, logo na primeira vez que marcaram algo na livraria, ninguém apareceu.

Persistência e dedicação proporcionaram ainda mais quatro encontros após o fiasco, quando o vazio se transformou em 18 pessoas – alguns até desconhecidos das organizadoras, acostumadas à presença de parentes e amigos próximos. Evellyn comentou sobre essa transformação:

“Uma das maiores mudanças foi quando conseguimos um espaço na Livraria Edital, um lugar inegavelmente ligado ao mundo dos livros e aos leitores. Acredito que isso trouxe credibilidade ao Clube.”

Da esquerda para direita, Evellyn e Viviane.
(Foto: Facebook)
Ao lado de Viviane Freitas, também idealizadora do grupo, montavam kits de brindes, organizavam lanches e decoravam o cômodo com o tema da história em pauta. Hoje em dia, com as novas responsabilidades e a proporção que o Clube tomou, lidar com tudo isso se tornou uma tarefa nada fácil.

“Participamos anteriormente de outros clubes, mas queríamos que o nosso tivesse uma maneira própria”, explicou Viviane, “O foco não em uma pessoa, mas em um espaço aberto para discussão. Por isso nos sentamos em círculo (ou tentamos) e os participantes que ditam o que será o Clube naquele dia e as conversas sempre viajam por caminhos inesperados e bons. Temos sempre um mediador porque não dá para deixar todos falando ao mesmo tempo, mas a ideia é que seja apenas um orientador da discussão. Acho que esse modelo colaborativo funcionou muito bem aqui na região.”

“O único clube do livro do Rio que conhecia era na Zona Sul, muito longe de onde eu moro”, confessou Erica Martins, integrante desde os primeiros eventos, “Era uma reunião mais pessoal naquela época. Atualmente, o Clube cresceu muito em participantes, o lugar quase não comporta tanta gente.”

O número de visitantes ultrapassa o esperado facilmente quando o debate é sobre sagas best-sellers, por exemplo. Em julho desse ano, Harry Potter fez a sala no segundo andar da Edital suportar mais de 60 pessoas, algumas até fantasiadas de personagens do universo fictício. A fórmula do encontro de amantes dos livros parece, afinal de contas, ter dado certo.

“Participamos anteriormente de outros clubes, mas queríamos que o nosso tivesse uma maneira própria. O foco não em uma pessoa, mas em um espaço aberto para discussão."
A Zona Oeste que lê

Eventos literários no Rio de Janeiro não são novidade. O próprio fenômeno Harry Potter foi pioneiro em alimentar essa prática na cidade, que hoje não passa um final de semana sem ter, pelo menos, um programa literário. Ainda assim, é raro que eles aconteçam fora do eixo Barra da Tijuca-Centro-Zona Sul. É nessa brecha que o Clube do Livro Campo Grande se destacou, ao abraçar os leitores da Zona Oeste, Baixada e arredores.

Foto: Facebook.
“A Zona Oeste sempre foi muito esquecida quando se trata de eventos culturais”, esclareceu Henri (foto à direita). “Por ser uma região mais popular e afastada, vários organizadores acreditam que não teriam público ou interesse por aqui – ainda mais se tratando de livro. O Clube mostra que isto não é verdade. Existe sim pessoas disponíveis e empolgadas a falar sobre livros e, principalmente, os jovens da Zona Oeste também leem. Este é um ponto que acredito que o Clube ajudou a desmistificar. Hoje em dia, além da Edital, outras livrarias da região também começaram a apostar em eventos por aqui – e vejo isto como uma vitória de todos os leitores.”

“É muito gratificante ver que todo trabalho que tivemos desde o início tem dado certo, fico muito feliz quando vejo um rosto novo no Clube e ainda mais quando essa pessoa retorna. São jovens e adolescentes que poderiam estar na praia ou no shopping, mas que optaram por passar suas tardes de sábado numa livraria. Sinto-me orgulhosa de ter ajudado a começar isso aqui em Campo Grande”, disse Viviane ao atribuir o caráter especial do Clube a cada pessoa que se propõe a participar com coração e mente abertos.

"São jovens e adolescentes que poderiam estar na praia ou no shopping, mas que optaram por passar suas tardes de sábado numa livraria."
Ter sua sede na Livraria Edital, localizada na Travessa Ferreira Borges no centro do bairro carioca, foi outro diferencial com que ela e Evellyn puderam contar. A empresa esteve entre as 50 lojas destruídas no incêndio do Luzes Shopping em 2010, próximo ao endereço atual da empresa. A perda de todo seu acervo aliada à falta de seguro apenas serviram de motivação para os donos darem uma segunda chance ao desejo de ter uma livraria no bairro, já carente de espaços culturais. Eles reabriram o negócio poucos meses depois do acontecido, não só para o público consumidor, mas inúmeros leitores com o sonho de ter um lugar próprio para se encontrar.

Próximas páginas

Opinar sobre os prós e contras de uma leitura já faz parte da vida de certos participantes do Clube. Seja através de um site, como é o caso da Erica, ou canal no Youtube, prática do Henri, eles expõem suas opiniões por meio da Internet. Contudo, discutir ao vivo, olho no olho, com pessoas que podem ter posições e argumentos contrários aos seus é uma experiência bem diferente da que estavam habituados.

Foto: Facebook.
“Muitas vezes podemos não ter com quem discutir pessoalmente sobre o livro que lemos e o Clube dá essa oportunidade”, disse Erica (foto à direita), que resenha livros desde 2012 no blog Espiral dos Sonhos, “Nas discussões podemos descobrir também outros aspectos do livro que não percebemos e ler nas entrelinhas. E claro, alguns livros propostos como tema nos fazem sair da zona de conforto, por não serem gêneros que estamos acostumados a ler”.

Henri, além de escrever para seu blog Na Minha Estante, grava vídeo-resenhas com frequência. Mesmo com as duas formas de interação, ele deixa claro qual é sua preferência:

“O computador, querendo ou não, acaba limitando muito a conversa. Frente a frente, podemos seguir várias linhas de raciocínio de uma forma muito mais dinâmica e imediata.”

A tecnologia, entretanto, não deixa de ser uma ajuda quando o objetivo é manter os membros do Clube conectados uns com os outros. O grupo no Facebook é canal direto com as criadoras, que aproveitam o espaço virtual para divulgar quais serão os próximos livros de debate. O WhatsApp é seu mais novo aliado, proporcionando um contato mais imediato entre os participantes dos encontros e compartilhando mais sobre suas rotinas. Se depender deles, o futuro dos eventos é nada menos que promissor.

“Espero que o Clube tenha cada vez mais membros e que mais pessoas aqui da região conheçam o projeto, participem dos encontros, divulguem e interajam também pela Internet”, anunciou Evellyn, que também publica resenhas em seu blog há quase quatro anos, o Hey Evellyn.

“(Para o futuro) Nosso objetivo é incentivar que as pessoas leiam mais, leiam coisas novas, novos estilos e venham conversar conosco sobre o que acharam”, revelou Viviane, aproveitando para espetar a curiosidade dos leitores, “Um dos nossos desejos é investir de alguma forma nos participantes que também são escritores. Pode surgir uma novidade bem legal em 2015”.



Leitura fora do eixo

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Por Bruna Somma 

Tradicional feira de artesanatos reúne arte, cultura e diversidade em um ambiente bem ao estilo e jeitinho do Rio



Antiguidades, artesanatos, shows, gastronomia e cultura juntos em um só lugar: a feira do Rio Antigo. Situada no Centro do Rio de Janeiro próximo à Lapa, a popularmente conhecida Feira do Lavradio acontece há 18 anos em todo primeiro sábado do mês. Cerca de 20 mil pessoas circulam pelos mais de 400 expositores dispostos ao longo da rua histórica, que também apresenta lojas fixas, antiquários em geral e barzinhos com uma típica culinária carioca, da feijoada aos petiscos.

A cada edição, que começa às 10 horas da manhã e dura até o cair da noite, ocorrem shows gratuitos de samba e chorinho, dando um toque boêmio ao lugar.  Artistas de rua – grupos de teatro, capoeira e dança – também se apresentam e chamam a atenção de quem passa por ali.

Fábio Reis expõe jogos matemáticos, feitos à mão, desde 2010 e acredita que o trabalho é recompensador, não só pela questão financeira, como também pela emocional. “É muito válido apresentar meus trabalhos na Lavradio, principalmente pela divulgação dos mesmos. É gratificante pra mim, pois me realizo observando as reações de cada cliente durante as explicações dos jogos”, diz o expositor.

| Passeio cultural

A Lavradio foi a primeira rua da cidade a ser inaugurada com fins residenciais, em 1771,
como parte do saneamento dos terrenos encharcados existentes entre os Arcos da Lapa
e a atual Praça Tiradentes. 
(Foto: Bruna Somma)
Ir à feira também é fazer um passeio pela memória da cidade. A Lavradio foi a primeira rua residencial do Rio, caminho para artistas do calibre de Carmem Miranda e Machado de Assis. Além disso, foi o berço da imprensa carioca, o local escolhido por Carlos Lacerda para fundar o jornal “Tribuna da Imprensa”, por exemplo.

A Reforma Pereira Passos, com objetivo de modernizar a cidade, demandou a demolição de grande parte das casas que compunham o lugar agitado e marcou o inicio de seu declínio. Sem nenhum tipo de investimento, por muito tempo a Rua do Lavradio era sinônimo de odor fétido e casas de swing.

No entanto – e por sorte –, os tempos mudaram. Em 1996, um grupo desenvolveu o projeto de revitalização do Rio Antigo, que deu origem ao que hoje conhecemos como Feira do Lavradio, O motivo: a insatisfação com o estado da rua e do bairro como um todo. Da decadência, a rua voltou a constar na rota dos cariocas e até mesmo de estrangeiros, transformando-se em uma importante artéria do coração da cidade.

A arquitetura da região é outro fator atrativo no sucesso da feira. O curioso são prédios que constituem um elo entre a Colônia e o Império Brasileiro, em contraste com os arranha-céus projetados pela modernidade nas ruas ao lado, como a Avenida Chile.

"É muito válido apresentar meus trabalhos na Lavradio, pois me realizo observando as reações de cada cliente."
| Diversidade

Apesar da grande variedade nas tribos presentes na Feira, elas têm algo em comum: 
cada uma possui um jeito único de comercializar sua arte. (Foto: Bruna Somma)
O evento ocorre ao ar livre; um ambiente convergente das diversas tribos que compõem o Rio. Desde os mais velhos aos jovens e crianças, a Feira do Lavradio é o ponto de encontro da diversidade, permeada pelo respeito e igualdade. Gabriela Pereira, 18, acredita que essa variedade é muito enriquecedora. “Na feira, nos deparamos com pessoas bem distintas. Não importa seu estilo, gostos ou orientação sexual, você com certeza vai se sentir a vontade, livre e muito bem recebido”, defende a estudante de Geologia da UFRJ.

Ao andar pelo espaço é possível encontrar de tudo um pouco, de poesias e vinis até artigos para colecionadores. Uma peculiaridade são os integrantes de diferentes religiões, tal qual o movimento Hare Krishina, percorrendo as ruas e entoando seus hinos, acompanhados pelo público.

Um dos fatos que mais tem impressionado os frequentadores da Lavradio é o crescente número de estrangeiros. A novidade mudou alguns hábitos dos expositores, que agora usam o “Portunhol” e a linguagem corporal para se comunicarem com os turistas. Canadenses, ingleses, peruanos e outros buscam no local um pedaço da brasilidade e do jeito "carioca" de ser.

"Na feira, não importa seu estilo, gostos ou orientação sexual, você com certeza vai se sentir a vontade, livre e muito bem recebido."


Para a jovem Thayane Fernandes, recentemente apresentada ao evento por uma amiga, esse foi um dos pontos que mais chamam a atenção. “Definitivamente acho que a Feira entrou na rota dos turistas, um fato que, de inicio, me surpreendeu. Fico feliz que as pessoas saibam que o Rio apresenta várias fontes de entretenimento além das tradicionais”.

A criatividade dos produtos oferecidos, a maioria feita em pequena escala, garantem certa exclusividade às peças – o ponto alto do local. “As barraquinhas de poesia, os quadros ou até mesmo os acessórios, que são comuns em feiras, são diferentes. Diferente é sempre bom” conclui Thayane.

A feira do Rio Antigo contará, excepcionalmente, com duas edições em dezembro graças ao Natal, nos dias 6 e 20. Uma ótima pedida para quem procura uma alternativa aos programas rotineiros da cidade.

Feira do Lavradio: sábados à moda carioca

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quarta-feira, dezembro 10, 2014

Por Beatriz Rodrigues, Brenno Carvalho, Karen Bandeira e Laisa Gomes 

Wellington Campos começou brincando no rádio, mas já cobriu 8 eventos mundiais



Com mais de 30 anos de experiência, o radialista Wellington Campos fala sobre sua carreira e declara sua paixão pelo rádio. Natural de Formiga (MG), afirma que sua entrada na Rádio Difusora Formiguense foi um divisor de águas na sua vida e grande precursora para a formação de um amplo histórico na área da comunicação. Em uma entrevista concedida ao C9, no estúdio da Rádio Bradesco FM, Campos relembra o começo da profissão e conta as experiências que obteve na cobertura de seis copas do mundo e duas olimpíadas.

| Início

A Bradesco Esportes FM pertence ao Grupo Bandeirantes de Comunicação.
(Foto: Karen Bandeira)
O começo de sua carreira na Difusora foi por um acaso. “O ingresso foi a partir de gravações feitas em uma partida de futsal, uma brincadeira, mas que me proporcionou meu primeiro convite, que me levou à rádio”, contou Wellington.

Sua paixão pelo futebol se tornou sua marca em todos os lugares nos quais trabalhou. Faz parte da equipe da Rádio Itatiaia desde a década de 90 e, atualmente, é correspondente no Rio de Janeiro, cobrindo o cotidiano da CBF, do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), dos clubes cariocas e esportes olímpicos. Além disso, dedica-se à Rádio Bradesco FM, completamente voltada para o esporte e patrocinadora de 22 dos 28 desportos olímpicos desenvolvidos no Brasil.

Ele conta que, por ter trabalhado em uma rádio de interior, adquiriu muito conhecimento e acabou exercendo todas as funções possíveis dentro do setor. Foi repórter, editor e redator, e todas essas experiências contribuíram de forma significativa para sua formação como profissional. Wellington Campos afirma que começou a fazer Jornalismo quando buscou mediar as informações que se mostravam importantes aos habitantes da cidade de Formiga. A partir disso, passou a buscar soluções para os problemas da região.

O ingresso foi a partir de uma brincadeira, mas que me levou à rádio."
| Narrando esportes

Wellington na cobertura de um jogo de futebol para a Rádio Itatiaia.
(Foto: Mundo Azul)
Wellington comenta sobre a dificuldade de narrar os diferentes tipos de esportes. Num evento de projeção internacional, principalmente, faz-se necessária uma interpretação. É preciso perceber e expressar a singularidade de cada esporte, cada detalhe, cada ação. A comunicação se baseia em transmitir informações, e quanto mais clara e simples, melhor é o locutor, o apresentador. “Com o tempo, desenvolvemos essa percepção. Pode ser qualquer evento, você tem que achar algo bem popular e isso vai do olhar e talento de cada um. Você tem que ter uma sensibilidade para informar, já que o que ficará de sua informação será assunto em uma conversa de amigos, de um porteiro e um morador ou uma conversa no bar. Principalmente no esporte”, disse o jornalista.

Além de tudo, o radialista confessa que uma das inovações mais interessantes em seu trabalho foi o novo modo de interação com o público, através das mídias sociais. “Acho muito importante essa forma de interagir, porque te dá a resposta do seu trabalho imediatamente. O que você passa para o ouvinte e o que ele responde; se entendeu sua mensagem, se não entendeu. É assim que vemos essas novas ferramentas, meios que possibilitam o estreitamento da nossa relação com o público. Aqui nós trabalhamos com WhatsApp, Facebook, Twitter e os bons e velhos telefone e e-mail”, declarou ele.

Aqui nós trabalhamos com WhatsApp, Facebook, e Twitter. Acho muito importante essa forma de interagir, porque te dá a resposta do seu trabalho imediatamente."
Wellington Campos traduz seu amor por meio do rádio, expondo como todas as suas facetas foram decisivas para o desenvolvimento e consolidação de sua carreira. Desde cedo foi apaixonado pelo imediatismo do veículo; ouvia vários programas radiofônicos, notícias, músicas, coberturas de esportes – sobretudo futebol – e tudo mais que era oferecido. Ainda que goste de viajar e escrever, Wellington acrescenta que a vantagem do rádio é que jamais um dia será como o outro, é sempre tudo diferente. Diante dessas questões, ele nunca se viu de outra forma, a não ser como radialista.




Uma Formiga do tamanho do mundo

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terça-feira, dezembro 09, 2014

Por Carynne Alves 

Exposição no Centro Cultural Justiça Federal relembra o contexto social dos militares no poder



Com o início das férias de verão, a busca não só pelas famosas praias tomam conta do Rio. Rica em diversidade, a Cidade Maravilhosa oferece inúmeros centros culturais, uns mais conhecidos que outros. O Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), à sombra da imponente Biblioteca Nacional na Avenida Rio Branco, propõe exposições que remetem à discussões contemporâneas, buscando um maior destaque no cenário carioca.

| Estrutura

Idealizado originalmente pelo arquiteto Adolpho Morales de Los Rios 
para ser o Palácio Arquiepiscopal, o prédio abrigou o STF de 1909 a 1960.
(Foto: Custodio Coimbra / O Globo)
O antigo prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), reaberto em abril de 2001, deu origem ao CCJF. Aos amantes da arquitetura, vale a pena conferir seu processo de restauração, que manteve as características históricas da construção realizada em 1909. Mesmo olhos destreinados ficam atentos à fachada, às portas, escadarias, ao teto, e principalmente, às janelas e seus vitrais. 

Para quem está atrás de um passeio completo, o Centro oferece salas de consultas e leituras integrados à Biblioteca, onde os visitantes têm acesso à Internet. Ele também oferece ao público galerias que abrigam amostras, salas de curso e de teatro e cinema, para peças e apresentações, além de uma lojinha de souvenirs e cafeteria. O espaço aceita visitas de terça a domingo, das 12h às 19h.

| Exposição

José Inácio era um jovem aluno em 1968 e registrou o que ocorreu após o assassinato de outro estudante pela polícia militar. (Foto: Carynne Alves)

No último mês de outubro, o CCJF recebeu a interessante exposição chamada 1968, com foco emu imagens inéditas dos movimentos políticos ocorridos no ano em questão no Rio de Janeiro, durante a ditadura militar. Com imagens no mínimo impactantes, a sala da exposição era a mais silenciosa de todo o prédio. 

As fotografias de José Inacio Parente retratam, por exemplo, os eventos contra repressão e a censura, os desdobramentos do assassinato do estudante Edson Luiz em março de 68, como os movimentos estudantis e a Passeata dos Cem Mil, ocorrida em junho. A fotos marcantes do velório e da missa do sétimo dia de Edson, os olhares da população, e sobretudo as cenas dos embates dos manifestantes da Passeata com a polícia, leva o espectador a refletir sobre o período histórico e entender mais sobre o contexto da época.

| Arte Que Vive

Estudantes de todas as áreas, inclusive do Colégio Técnico da Universidade Federal Rural do Rio, se interessam pela exposição. (Foto: Carynne Alves)

No entra e sai de quem visitava o local, o semblante era o mesmo: indignação. Nos sussurros audíveis nos corredores, alguns se perguntavam se aquilo teria ocorrido de fato, comentavam a coragem do fotógrafo ao retratar tudo em um momento tão opressor ou questionavam como a situação chegou àquele ponto. 

O maior diferencial do CCJF é receber, na maioria das vezes, obras e exposições distintas, significantes e reflexivas, incitando o pensamento sobre cada objeto, mesmo após o tour. A experiência remete a entrar em um livro de História do Brasil, com o poder de nos engolir à sua própria realidade a qualquer momento.


1968: quando a ditadura vira arte

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